Publicado em: 22/05/2025 às 10:30hs
O dólar abriu em alta nesta quinta-feira (22), cotado a R$ 5,67, impulsionado por preocupações com a situação fiscal dos Estados Unidos. A valorização ocorre após a aprovação pela Câmara dos Deputados americana de um extenso pacote de cortes de impostos proposto pelo ex-presidente Donald Trump.
Na véspera, a moeda norte-americana havia recuado 0,46%, fechando em R$ 5,6431. Ainda assim, o dólar acumula queda de 0,45% na semana, baixa de 0,60% no mês e desvalorização de 8,68% no ano.
O principal índice da bolsa brasileira, o Ibovespa, encerrou o pregão de quarta-feira (21) em baixa de 1,59%, aos 137.881 pontos.
Com isso, acumula queda de 0,94% na semana, avanço de 2,08% no mês e alta de 14,63% no ano. A bolsa volta a operar apenas após as 10h.
O mercado global reagiu com cautela à aprovação do projeto batizado de "One Big Beautiful Bill Act", que agora segue para o Senado dos EUA. O pacote busca tornar permanentes cortes de impostos sobre renda e heranças, além de incluir promessas de campanha de Trump, como isenção de tributos sobre gorjetas, horas extras e certos juros de financiamento de veículos.
Para mitigar a perda de arrecadação, a proposta inclui o fim de incentivos à energia verde e restrições ao o de programas sociais. Ainda assim, segundo o Escritório de Orçamento do Congresso, as medidas devem adicionar cerca de US$ 3,8 trilhões à dívida pública americana nos próximos dez anos. A dívida atual já soma US$ 36,2 trilhões — o equivalente a 124% do PIB dos EUA.
Essas preocupações fiscais contribuíram para que a agência de classificação de risco Moody’s rebaixasse recentemente a nota de crédito dos EUA, o que influenciou diretamente a movimentação cambial.
Além da preocupação com o endividamento, o mercado também se mostra incomodado com a política tarifária adotada por Trump. Nesta quarta-feira (21), doze estados americanos entraram com uma ação judicial pedindo a suspensão das tarifas impostas pelo ex-presidente, alegando abuso de autoridade por declarar emergência nacional para implementar as medidas.
No cenário interno, investidores aguardam a divulgação do relatório bimestral de receitas e despesas do governo federal. A expectativa é de que o Ministério da Fazenda anuncie medidas para assegurar o cumprimento da meta fiscal de 2025, incluindo possíveis bloqueios no Orçamento.
O ministro Fernando Haddad sinalizou que o governo pretende manter o crescimento econômico e o nível de emprego, mas sem pressionar a inflação. A ideia é que o crescimento ocorra de forma sustentável, e não por meio de gastos públicos elevados.
Na última segunda-feira (19), o diretor de Política Monetária do Banco Central, Gabriel Galípolo, afirmou que pode ser necessário manter os juros elevados por mais tempo, o que foi bem recebido pelos investidores. A autoridade monetária avalia que uma desaceleração econômica é essencial para que a inflação convirja para a meta.
A lógica é que juros mais altos reduzem o consumo, uma vez que encarecem o crédito. Isso ajuda a conter a inflação ao equilibrar a oferta e a demanda. Por outro lado, estímulos fiscais excessivos podem dificultar esse controle, segundo analistas do mercado.
O movimento de alta do dólar nesta quinta-feira reflete tanto o cenário fiscal delicado dos Estados Unidos quanto a expectativa de ajustes no Orçamento brasileiro. Com os investidores atentos à condução das políticas econômicas em ambos os países, os mercados operam sob tensão.
Fonte: Portal do Agronegócio
◄ Leia outras notícias