Cana de Açucar

Clima favorece colheita de cana e pressiona preços do açúcar; usinas voltam atenção ao etanol

Mercado internacional do açúcar recua com expectativa de safra robusta no Brasil


Publicado em: 21/05/2025 às 10:30hs

Clima favorece colheita de cana e pressiona preços do açúcar; usinas voltam atenção ao etanol

O clima favorável à colheita da cana-de-açúcar na região Centro-Sul do Brasil, principal polo produtor do país, tem impulsionado a expectativa de recuperação na produção de açúcar em maio. Esse cenário tem pressionado os preços da commodity nos mercados internacionais.

Na última terça-feira (20), as cotações do açúcar bruto na ICE Futures de Nova York encerraram o dia em queda. O contrato com vencimento em julho de 2025 foi negociado a 17,34 centavos de dólar por libra-peso, recuo de 11 pontos ou 0,6% em relação ao dia anterior. O vencimento de outubro de 2025 caiu 12 pontos, sendo cotado a 17,53 cts/lb. Os demais contratos também registraram perdas, variando entre 7 e 11 pontos.

Baixa também atinge Londres

Na ICE Futures Europe, em Londres, o açúcar branco também fechou em queda. O contrato para agosto de 2025 foi negociado a US$ 487,10 por tonelada, com recuo de US$ 2,40. Já o vencimento de outubro de 2025 caiu US$ 3,10, sendo cotado a US$ 483,10 por tonelada. Os demais lotes apresentaram quedas entre US$ 2,50 e US$ 2,80.

Mercado interno: açúcar cristal e etanol seguem em queda

No Brasil, o mercado interno também refletiu o cenário de pressão nos preços. Na terça-feira (20), o Indicador Cepea/Esalq para o açúcar cristal registrou queda pelo décimo dia consecutivo. A saca de 50 quilos foi negociada a R$ 133,27, contra R$ 133,94 no dia anterior, uma desvalorização de 1,24%.

Já o etanol hidratado comercializado pelas usinas no polo de Paulínia também apresentou recuo. De acordo com o Indicador Diário Paulínia, o preço do biocombustível foi de R$ 2.802,00 por metro cúbico, frente aos R$ 2.810,50 praticados na véspera — uma queda de 0,30%.

Cotação do açúcar se mantém estável, mas mercado foca nos custos de produção

Nesta quarta-feira (21), o mercado internacional apresentou estabilidade nas cotações do açúcar, com os contratos futuros sendo negociados próximos aos 17 centavos de dólar por libra-peso. Em Nova York, o contrato julho/25 subiu 0,23%, cotado a 17,38 cts/lb, e o outubro/25 também teve alta de 0,23%, alcançando 17,57 cts/lb.

Mesmo com a recente trégua na guerra comercial entre China e Estados Unidos, os investidores permanecem cautelosos, o que limita a recuperação da demanda global e mantém as negociações em ritmo lento.

Usinas brasileiras priorizam etanol diante de cenário desafiador

Com o apetite internacional ainda reduzido e os preços do açúcar sob pressão, as usinas brasileiras têm voltado seus esforços para o mercado interno, com foco no etanol. A estimativa de uma produtividade menor para o ciclo 2025/26 mantém os preços do biocombustível firmes, o que estimula a alocação de mais cana para sua produção.

Para o analista de mercado do Pecege, Raphael Delloiagono, o momento exige decisões estratégicas por parte da indústria. “Se considerarmos a variação cambial e os preços praticados na bolsa no último ano, vemos que o açúcar vem perdendo valor relativo, especialmente diante da perspectiva de uma safra mais positiva nos principais países produtores”, avalia.

Delloiagono também chama atenção para os custos crescentes com fertilizantes, que subiram entre 15% e 20% em dólares. Esse fator pode influenciar ainda mais o direcionamento da produção. “Se os preços do açúcar não reagirem em breve, é possível vermos uma migração ainda maior para o etanol, cuja demanda continua sólida no mercado doméstico”, conclui.

Fonte: Portal do Agronegócio

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