Publicado em: 22/05/2025 às 11:30hs
Apesar do período de entressafra, que normalmente alivia a pressão nos principais portos brasileiros, os exportadores de café continuam enfrentando dificuldades logísticas. Segundo dados do Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé), em abril de 2025 o país deixou de embarcar 737.653 sacas de 60 kg, o equivalente a 2.236 contêineres.
Esses atrasos e impedimentos nos embarques geraram um prejuízo imediato de R$ 6,657 milhões para as empresas exportadoras, com custos extras relacionados a armazenagem adicional, detentions, pré-stacking e antecipação de gates. Desde junho de 2024, início do levantamento do Cecafé, as perdas acumuladas chegam a R$ 73,233 milhões.
Além disso, o Brasil deixou de receber US$ 328,60 milhões em receita cambial apenas em abril, o que corresponde a cerca de R$ 1,9 bilhão considerando a cotação média do dólar a R$ 5,7831 e preço FOB médio de US$ 445,47 por saca.
O diretor técnico do Cecafé, Eduardo Heron, destacou que embora existam anúncios recentes de investimentos na infraestrutura, como o leilão do terminal Tecon Santos 10, a concessão do canal marítimo de entrada do porto, o túnel Santos-Guarujá e a terceira via da Rodovia Anchieta, as melhorias dependem de processos burocráticos que podem levar cerca de cinco anos para serem concluídos.
Heron criticou a possibilidade de restringir a participação no leilão do Tecon Santos 10, especialmente para armadores, argumentando que isso pode atrasar ainda mais o processo e agravar os prejuízos ao setor exportador.
O dirigente reforça que os atrasos também prejudicam diretamente os produtores brasileiros, que recebem uma alta parcela do preço FOB das exportações — em 2024, 88,3% para cafés arábica e 96,5% para canéfora (conilon + robusta).
“Quando o café não é exportado por problemas na infraestrutura, os produtores deixam de receber receita importante pelo seu trabalho na produção sustentável e de qualidade”, afirmou Heron.
O Cecafé cobra agilidade das autoridades públicas para que os investimentos planejados sejam executados sem burocracia, garantindo maior capacidade e eficiência nos portos, especialmente em Santos, principal porto exportador do país.
Heron ressalta que limitar a participação de agentes com experiência, como os armadores, pode abrir espaço para disputas judiciais que retardariam o processo, especialmente em ano pré-eleitoral.
Conforme o Boletim Detention Zero (DTZ), elaborado pela startup ElloX Digital em parceria com o Cecafé, 56% dos navios (157 de 283) enfrentaram atrasos ou mudanças nas escalas nos principais portos brasileiros em abril.
No Porto de Santos, responsável por quase 80% dos embarques de café no início de 2025, 58% dos navios tiveram atrasos ou alterações, com uma espera máxima de 31 dias. No Rio de Janeiro, segundo maior porto exportador, 67% das embarcações sofreram atrasos, com intervalos de até 15 dias.
Exportadores interessados em acompanhar esses dados podem se inscrever no Boletim Detention Zero através do link https://app.pipefy.com/public/form/-SYfpMNK. Após o cadastro, a ElloX orientará sobre o o às informações dos terminais portuários.
Esse cenário revela a urgente necessidade de modernização e desburocratização da infraestrutura portuária para garantir a competitividade do Brasil no mercado internacional do café.
Fonte: Portal do Agronegócio
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